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Ciências

28/01/2010

Alagamentos aumentam risco de leptospirose, diarreias e hepatite A

População deve ficar alerta para sintomas dessas doenças.
Automedicação pode agravar casos, afirma médico.

Marília Juste Do G1
As chuvas fortes que atingem a cidade de São Paulo neste verão trazem diversos perigos à saúde da população. O G1 conversou com especialistas em infectologia para saber quais as doenças mais comuns em áreas de alagamento e como as pessoas devem fazer para se proteger.
“O maior perigo é a leptospirose”, explica a médica infectologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, Cláudia Stockler.
“São Paulo, como toda metrópole, tem muitos ratos e essa doença é transmitida por uma bactéria encontrada na urina do rato, quando entra em contato com mucosas, peles feridas ou mesmo naquelas que ficaram muito tempo na água. Nos casos graves, a mortalidade é de 10%”, explica Stockler.
Além da leptospirose, no entanto, outras enfermidades também preocupam. “Nós não temos tratamento de esgoto universalmente distribuído na cidade de São Paulo”, afirma o infectologista Marcelo Buratt, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
“Dejetos são distribuídos sem tratamento nos cursos de água. Quando chove, esses cursos de água transbordam. Então temos que nos preocupar com as doenças de transmissão ‘entérica’”, explica ele.
A “transmissão entérica” é aquela feita a partir da ingestão ou do contato com vírus ou bactérias eliminados pelas fezes humanas de pessoas infectadas.
“Dentro dessas doenças estão as diarreias comuns, algumas infecções bacterianas, como a febre tifóide, algumas doenças virais e eventualmente surtos de hepatite A”, diz o médico.
A cólera, que no passado assustou muito as cidades brasileiras, hoje não é mais um risco na capital paulista. “Tivemos dez, doze anos atrás, mas não temos mais”, afirma Buratt.
Cuidados
Segundo os médicos, quem entrar em contato com água de enchentes deve, primeiramente, tomar um bom e longo banho. “É importante lavar bem as mãos e o rosto”, orienta Cláudia Stockler.
Depois, o mais indicado é esperar. “A pessoa só deve procurar um médico se adoecer. Antes, não há nada que se possa fazer”, afirma Marcelo Buratt. Os sintomas podem aparecer dentro de um intervalo que vai de 48 horas a até 12 dias, dependendo do tempo de exposição à água contaminada e ao grau de concentração dos contaminantes.
Os sintomas da leptospirose em sua fase inicial são febre intensa e súbita, calafrios, dores musculares (principalmente na batata da perna), conjuntivite, incômodo com a presença de luz e dor de garganta. Em seguida, os sintomas melhoram, para depois voltarem na fase aguda piorados e acompanhados de pele amarelada e hemorragia.
As doenças de transmissão entérica têm como sintomas febre, diarreia, náusea, vômitos e dores ou desconfortos abdominais. A hepatite traz sintomas parecidos e também pele amarelada e urina escura.
O aparecimento desses sintomas em uma pessoas exposta a enchentes vale uma visita a um posto de saúde. E a automedicação deve ser evitada. “Mesmo remédios para náuseas ou diarreias podem agravar muito o caso. Ninguém deve tomar remédio por conta própria”, alerta Buratt.

Este conteúdo foi publicado em 28/01/2010 do sítio G1. Todas as modificações posteriores são de responsabilidade do autor original da matéria.
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