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Ciências

25/07/2012

Lançamento do primeiro foguete binacional Brasil-Ucrânia deve atrasar para 2014

Por Ambientebrasil
A novela da parceria espacial Brasil-Ucrânia deve ter mais capítulos antes do final feliz. O lançamento do foguete binacional Cyclone-4 saindo da base aérea de Alcântara, a cerca de 400 km de carro da capital maranhense, São Luís, deve atrasar para 2014.
A informação é de José Raimundo Braga Coelho, presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira) desde maio deste ano.
Pela primeira vez em um grande evento científico como chefe da agência, Coelho disse na reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em São Luís do Maranhão, que a construção da área de lançamento do Cyclone-4 não deve ficar pronta antes de 2014.
Esse espaço está sendo feito pela empresa binacional ACS (Alcântara Cyclone Space), criada em 2007 pelo Brasil e pela Ucrânia.
O lançamento do Cyclone-4 deveria acontecer até novembro de 2013, de acordo com um termo assinado no ano passado pelo ex-ministro de Ciência Aloizio Mercadante.
“Mas andando pela obra e conversando com o pessoal que trabalha nas construções, vi que o cronograma deve atrasar”, disse Coelho.
Conforme a Folha apurou anteriormente, a ACS não paga as empreiteiras que executam as obras desde dezembro do ano passado.
“Há muitas empresas envolvidas, muitos processos de licitação. É uma logística complicada”, disse Coelho.
Lançamento nacional – O espaço de lançamento da ACS fica encravado nos oito mil hectares da base aérea de Alcântara.
Nesse mesmo terreno está sendo construída outra torre para o lançamento do foguete brasileiro VLM (Veículo Lançador de Satélites).
O primeiro teste de segurança dessa nova torre, diz Coelho, foi feito com sucesso há duas semanas. Mais dois testes devem ser feitos até que o VLM seja lançado, o que deve acontecer em 2013.
A torre brasileira antiga foi destruída em um incêndio durante o lançamento do foguete VLS em 2003. O incidente matou 21 pessoas e afetou a credibilidade do programa espacial brasileiro.
Para Coelho, a chance de haver outro acidente agora é “praticamente nula”.
“Nós contratamos especialistas russos para fazer uma varredura no nosso programa de satélites. A torre antiga não tinha rota de fuga. Agora temos.”
Quilombolas - Os conflitos com a população local de Alcântara, remanescente de quilombos, também têm atrasado o cronograma do lançamento de foguetes em Alcântara.
A região onde está instalada a base era habitada por famílias quilombolas que viviam basicamente da pesca. Desde a década de 1980 essas famílias têm sido deslocadas para áreas agrícolas longe do mar.
“Eu sei que os quilombolas têm direitos garantidos por lei [como direito à terra]. Mas é preciso pensar nos benefícios que a sociedade como um todo terá com o programa espacial.”
“Eu sou maranhense e tenho discutido bastante com as comunidades locais. Ontem passei três horas com eles. No meio da reunião a luz acabou e eu continuei discutindo.”
Setor privado – Coelho disse ainda na reunião da SBPC que a dependência brasileira da indústria estrangeira mina o setor espacial do país.
“Nenhum peça que voa no espaço é fabricada no Brasil. Temos de importar cada pedacinho para fazer um satélite nacional.”
Coelho deixou o Parque Tecnológico de São José dos Campos em maio para assumir a agência a pedido do ministro Marco Antonio Raupp (Ciência), que já chefiou a própria agência e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Esta notícia foi publicada em 25/07/2012 no http://noticias.ambientebrasil.com.br/ Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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